segunda-feira, 4 de julho de 2011

Os cupins do seu salário


Para muitas pessoas, é comum a sensação de que o mês se estende muito além do que o salário alcança. O fenômeno nem sempre diminui na mesma proporção em que os rendimentos crescem com aumentos de salário e promoções. Quando isso acontece, a pessoa tem a conta bancária afetada por um tipo de praga comum: o cupim do dinheiro.

Esse tipo de parasita age de maneira silenciosa e tem como aliados a
falta de planejamento e a desinformação sobre os produtos financeiros adquiridos. Para eliminar a praga, a melhor arma é conhecer os inimigos a fundo. Por isso os dividimos em categorias e estimamos o estrago numa renda mensal de R$ 5.000.

CUPINS FINANCEIROS: taxas que você esquece ou nem sabe que paga
Outro furo comum no orçamento doméstico vem da desconsideração das pequenas taxas que são pagas aqui e ali, como as tarifas bancárias. Além do valor fixo mensal que é cobrado pela conta corrente, existem as taxas ocasionais, cobradas por emissão de cheques de baixo valor e impressão de extratos ou talões em caixa eletrônico.

Essas tarifas são, em média, de 2,30 reais por operação e variam muito de um banco para outro. Se considerarmos uma movimentação de três cheques de baixo valor mais a impressão de dois extratos por mês, além da emissão de um talão em caixa eletrônico a cada dois meses, temos 151,80 reais consumidos no ano — assim, sem mais nem menos.

Nessa categoria entram ainda taxas de contratação de produtos e serviços financeiros, as TACs. Toda vez que um cliente toma um empréstimo, uma tarifa é cobrada pela adesão. Esse valor, que muda de acordo com o montante financiado, pode ultrapassar 10% do total. Um valor que deveria ser somado ao dos juros mensais para o cálculo do custo real da operação e que é quase sempre ignorado, já que vem discriminado junto com os impostos e tarifas — bem no trecho do contrato que a maioria das pessoas costuma não ler. Como passa despercebido, nem entra na negociação que se faz com o banco.

"A maior parte dos clientes não sabe negociar o essencial. A TAC é um exemplo disso", diz o professor Rafael Paschoarelli, da Universidade de São Paulo. Outro cupim é a taxa de carregamento dos planos de previdência, que incide sobre o valor depositado. Num PGBL varia de 1% a 5%.

CUPINS OFICIAIS: impostos e contribuições
Pouco se pode fazer contra essa categoria de devoradores de dinheiro, já que são determinados por lei e, portanto, inegociáveis. Entre eles estão o Imposto de Renda e os descontos em folha de pagamento destinados às contribuições sociais (como INSS). O que parece pouco quando observado num curto período de tempo, mas que assusta de verdade quando os valores são somados para um período de 12 meses. Quer ver?

OFICIAIS
Desconto no mês Desconto no ano
INSS R$ 275,95 R$ 3 587,35
Imposto de Renda R$ 833,76 R$ 10 838,88
Total R$ 1.109,71 R$ 14.426, 23
% da renda mensal 22,19%

Para todos os especialistas consultados, essa é a categoria que contém os elementos mais nocivos. Não apenas porque é impossível negociá-los, mas também porque são quase sempre esquecidos na montagem do orçamento.

"A maioria das pessoas ainda considera para o cálculo da renda mensal o valor bruto do salário, omitindo a considerável fatia que é levada embora por impostos e taxas", diz Ricardo Humberto Rocha, professor de finanças do Ibmec São Paulo. "Com isso, o planejamento já começa furado."

CUPINS DO DIA-A-DIA: padrão de vida e hábitos de consumo
O primeiro deles é também uma das grandes paixões brasileiras: o automóvel. Pelos cálculos do consultor financeiro Marcio Iavelberg, 15,75% da renda bruta vai para a manutenção de um carro avaliado em 40 000 reais. Confira:

AUTOMÓVEL Desconto no mês Desconto no ano
IPVA R$ 133,33 R$ 1 600,00
Seguro R$ 150,00 R$ 1 800,00
Combustível R$ 300,00 R$ 3 600,00
Estacionamento R$ 150,00 R$ 1 800,00
Manutenção R$ 120,00 R$ 1 440,00
Total R$ 823,33 R$ 10 240,00
% da renda mensal 15,75%

Agora, se em vez de pagar o carro à vista você aplicasse em renda fixa, teria uns 400 reais por mês de rendimento. "Dava para pagar o táxi", diz Márcio.

Nessa mesma linha se insere outra grande, embora mais recente, paixão nacional: o celular. De uns tempos para cá, os aparelhos mais modernos são utilizados pelas operadoras como isca para planos mensais que implicam o pagamento de uma quantidade fixa de minutos, além da taxa de assinatura.

O efeito dessa estratégia resultou no aumento da utilização do aparelho.
Hoje já há quem pague entre 300 e 500 reais mensais de conta do celular.

Os planos de internet banda larga são outro bom exemplo, com os quais as operadoras estimulam a contratação de limites que nem sempre o usuário utiliza. Um jeito de lidar com isso é reavaliar os contratos quando há pacotes promocionais para atrair novos usuários.

Por fim,
atenção aos pequenos gastos, como presentinhos de 30 reais. Crie uma seção para todos eles na sua planilha mensal. Ficará fácil de ver o que precisa ser cortado para você se livrar dos cupins do dinheiro.

Fonte: Você S/A
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