quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

O último 13º da sua vida



O que você vai fazer com seu décimo terceiro salário? Segundo a última pesquisa de utilização do 13º salário realizada pela ANEFAC em outubro deste ano, há 60% de probabilidade de que você irá utilizá-lo para pagar dívidas.
Essa preocupação com as dívidas é algo até bastante previsível. O brasileiro médio, que passou décadas sem saber o que era crédito, de repente passou a ter um monte de opções, chegando inclusive a receber cartões de crédito sem solicitá-los.

Eu sei que o endividamento médio do brasileiro ainda é abaixo daquele dos países desenvolvidos, que ainda há muito espaço para crescer e blá, blá, blá… mas não podemos também esquecer que o custo da dívida brasileira é altíssimo e que uma dívida de determinado valor em uma família brasileira causa um estrago infinitamente maior que uma dívida de valor equivalente em uma família de alguma nação desenvolvida, tudo graças às nossas taxas de juros corrosivas.



A preocupação da maioria dos brasileiros em usar o décimo terceiro para pagamento de dívidas pode ser um sinal (ahhhh… eu e meu otimismo incorrigível!) de que finalmente está começando a “cair a ficha” de que se endividar aqui no Brasil não é uma prática muito saudável e de que está na hora de se adotar posturas mais defensivas com relação ao dinheiro.


Mas não é só o crédito que anda aquecido. O mercado profissional brasileiro também passa por um momento de aquecimento sem precedentes (talvez exatamente por isso tanta gente possa se dar ao luxo de usar o décimo terceiro para pagar dívidas – sinal de que há mais gente recebendo o benefício…). 


Hoje, profissionais capacitados estão com a faca e o queijo na mão quando negociam com empregadores, mas ainda é uma prática relativamente comum (hoje um pouco menos, por conta desse aquecimento) algumas empresas contratarem executivos e técnicos qualificados (ou seja, exatamente aqueles profissionais que ganham salários maiores) como “PJ” (pessoa jurídica), para aliviar o custo dos encargos trabalhistas. Para esses, décimo terceiro salário é algo que ficou perdido no passado.


Outra situação em que o décimo terceiro “some” de nossas vidas é quando viramos empreendedores. Aí a coisa fica até pior, pois além de não recebermos o décimo terceiro, temos que pagá-lo para nossos funcionários. O final de ano do empreendedor costuma ser um pesadelo natalino.


Mas vamos imaginar que você, leitor, é um (ou uma) profissional em pleno momento de ascensão, que recebe seu salário e todos os benefícios a que tem direito.  Se você continuar evoluindo profissionalmente (e eu tenho certeza de que irá), há uma grande possibilidade de que acabe virando empresário ou executivo de alguma empresa. Se virar empresário, adeus décimo terceiro (aqui não há o que discutir). Se virar executivo, dependendo das condições do mercado de trabalho e da empresa onde trabalha, pode ser que o décimo terceiro desapareça de sua vida também.


Então que tal viver, desde já, como se o décimo terceiro não existisse mais (até porque pode ser que ele não exista mesmo)?


Isso o obrigará a viver de forma mais disciplinada e equilibrada, pois você não poderá contar com o décimo terceiro no final de ano para cobrir os buracos que você foi abrindo no meio do caminho. Quando chegar ao final do ano e você receber o décimo terceiro (se receber), faça de conta que aquele dinheiro veio “do nada”, como se você estivesse andando na rua e de repente tropeçasse em um pacote de dinheiro sem dono. E daí você terá aquele dinheiro para algo que lhe dê prazer, como consumir sem culpa (e sem dívidas), ou então investi-lo para ter uma aposentadoria mais confortável e, quem sabe, precoce.


Ou, melhor ainda: faça de conta que o Papai Noel em pessoa foi até você e te deu um presente de Natal inesperado. Afinal de contas, você se “comportou” e você merece!

Fonte: Blog Você e o Dinheiro, em Exame.com

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