quarta-feira, 2 de maio de 2012

Dinheiro não basta para enriquecer



Por Gustavo Cerbasi


Os brasileiros ainda não sabem poupar como deveriam. Engana-se quem acredita que cortar gastos e acumular para o futuro é suficiente para enriquecer. Ter dinheiro está longe de ser uma boa tradução do conceito de riqueza. Se eu tivesse de apontar alguns ingredientes fundamentais na construção de riquezas num país ou numa família, dinheiro apareceria perto do final de minha lista. Antes dele, é importante desenvolver autoconhecimento.
Eike comenta:
"Mas que ajuda, ah! ajuda sim"

Para um país, é preciso conhecer detalhadamente suas fragilidades e mazelas antes de se espelhar nos métodos de crescimento de outros países. Isso é um problema para o Brasil, pois aqui a pesquisa e a estatística ainda engatinham.

Na vida das famílias, não é diferente. Antes de pensar em poupar para o futuro, é importante descobrir o que queremos dele. E, a partir daí, devemos estabelecer metas claras. Poupar não é prazeroso, mas perseguir o que realmente queremos ou aquilo que sonhamos é um bom motivo para gastar menos no presente.



Para amadurecer em termos de autoconhecimento, é preciso conversar abertamente sobre dinheiro, planos e dificuldades. Também sobre vontades. São assuntos que, na correria da vida moderna, parecem proibidos. Uma das dificuldades é esse tipo de discussão ameaçar desestabilizar a harmonia da família, uma vez que sugere que as pessoas saiam de sua zona de conforto.

Com o autoconhecimento, é possível fazer boas escolhas de consumo e de investimento. Antes de cortar gastos, é importante dar prioridade à qualidade do consumo, para que o ato de economizar não se traduza em sofrimento. E, quando o dinheiro sobra, é preciso atenção para a qualidade do investimento, para que o dinheiro economizado se multiplique de maneira honrosa. De nada adianta reservar muito dinheiro para o futuro e desperdiçar oportunidades de multiplicá-lo.



Falta-nos qualidade nas escolhas que envolvem dinheiro. Parte da deficiência vem da ainda rara educação financeira nas escolas. Parte vem da abordagem secundária que é conferida à filosofia, a disciplina que nos ensina a duvidar e questionar. Gastando mal, erramos mais e obtemos menos prazer do consumo. Na busca de outras fontes de satisfação, consumimos compulsivamente, sem regras ou sem reflexões. Pagamos juros quando não precisaríamos.


Com isso, as finanças da família brasileira continuam precárias. A poupança, se suficiente no esforço, não é suficiente no resultado final. E o Brasil continua dependendo do dinheiro de países mais ricos para sustentar seu crescimento. Já é hora de cuidarmos melhor de nosso umbigo.


Fonte: Época Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...

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