segunda-feira, 5 de maio de 2008

Dinheiro e imaginação


Fábio comenta: “Navarro, você já ouviu falar em inverter o ônus da prova? Pois é, eu faço isso há muito tempo: vejo aquele dinheiro que eu guardo todo mês (a economia que se multiplica nos investimentos) como uma "dívida". Assim, ficar "sem dinheiro" passa a ser uma coisa boa. Penso que poupar e criar patrimônio é também uma arte que requer muita inteligência e imaginação. Você concorda? Gostaria que comentasse um pouco sobre a relação entre dinheiro e imaginação. Afinal, é preciso imaginação para ter dinheiro ou dinheiro para ter imaginação?” Fábio, obrigado pela visita. Achei fantásticas as suas colocações, especialmente porque fundamenta-se em duas alternativas muito mais simples e eficientes que a matemática financeira encontrada atualmente na literatura disponível: a força de vontade e a criatividade. A gestão eficiente de nosso dinheiro fica mais divertida (e interessante) quando decidimos insistir no poder dos processos criativos, você tem razão. É preciso ter imaginação para ter dinheiro ou dinheiro para ter imaginação?Uau, que pergunta! Imaginar a relação entre dinheiro e imaginação parece um desafio grande demais, mas prometo tentar deixar registrada minha humilde opinião. Confesso acreditar que “ter dinheiro” é algo bastante subjetivo, ainda que valores e moedas possam ser plenamente quantificados. A imaginação, ainda que igualmente subjetiva, é uma ferramenta mais universal, disponível e menos egoísta. Todos podemos sonhar, crer em um futuro melhor, desenhar nossos objetivos vindouros. Com imaginação podemos aproveitar melhor nosso dinheiro, fazê-lo multiplicar-se com mais facilidade. Mas será que o dinheiro em si nos traz algum benefício ao exercitarmos nossa imaginação? Passam pela minha cabeça algumas perguntas:
Quanto de dinheiro você acredita ser suficiente para viver feliz?
Será mesmo possível ter tudo aquilo que desejamos?
Que influência teve, ou tem, o dinheiro em sua personalidade?
Qual o verdadeiro poder que o dinheiro exerce em sua vida?
Será que dinheiro é fundamental? Para que? Quando?
Responder aos questionamentos acima propostos é, intencionalmente, uma tarefa difícil e bastante delicada. Não raro, são poucas as ocasiões em que paramos para pensar no quanto o dinheiro influencia nossas decisões e hábitos. Não se assuste se nenhuma das perguntas o levar até uma resposta convincente. Felizmente, questões subjetivas não possuem respostas certas. Uma conta corrente recheada pode oferecer inúmeros convites à imaginação, mas será que imaginar é só isso? Creio que tratar da necessidade de dinheiro para exercer o processo criativo não é algo justificável. Dinheiro não tem relação direta nenhuma com a imaginação. Ao menos não da forma como buscamos encontrá-la. Minha visão otimista e humana, bastante divergente da exatidão de algumas mentes mais brilhantes e talvez de sua expectativa para com um consultor financeiro, me diz que imaginar é mais. Imaginar é transformar um desejo em uma visão e criar, consciente e incoscientemente, atributos pessoais para alcançá-la. Imaginar é transformar a intenção, o sonho, em força de vontade, em realização. Imaginar é estimular a criatividade, é ir além daquilo que gentilmente nos entregam de “mão beijada”. Imaginar é criar a sua versão da história. Imaginar é um exercício!Note que todo o emaranhado de palavras usado neste artigo veio de minha capacidade de criar, do exercício criativo diante do desafio proposto pelo nobre leitor. A motivação principal para o texto surgiu da necessidade de imaginar como se dá a tal relação entre dinheiro e imaginação. Será que tal discussão realmente tem cabimento? Não consigo imaginar uma vida bem vivida sem imaginação e criatividade. Desafiar o marasmo e dar chance ao caos podem ser os grandes trunfos de quem realmente sabe diferenciar-se no cotidiano. Situações comuns e chavões normalmente nos orientam quando estamos sem rumo, mas são nossas próprias mudanças de direção que constroem a verdadeira graça da vida. Repare nas histórias de sucesso de muitos empresários e profissionais que admira. A capacidade de inovar os levou diante de caminhos diferentes, mas igualmente prósperos. O dinheiro, uma consequência, não foi a fonte de inspiração para seus projetos, mas a recompensa por tanto esforço e dedicação. Uma polêmica sem fim!Apesar da relativa facilidade em lidar com palavras, admito não ter a resposta para o desafio do dia. De forma intencionalmente inconclusiva, quero deixar aqui uma reflexão sobre o meu trabalho junto do Dinheirama, que obviamente resume meus sentimentos em torno dessa discussão: Será que criar um blog sobre finanças pessoais, ler diversas obras sobre o tema, especializar-me através de um MBA e dedicar-me a responder inúmeras dúvidas por e-mail é uma forma criativa de ganhar dinheiro? Essa seria a pergunta direta, sem papas na língua. Repare no papel fundamental do dinheiro nessa primeira equação. Ou será que, a cada novo passo e dia à frente deste projeto, tudo o que faço é aprender mais, cultivar mais amizades e relacionamentos profissionais e, com isso, criar oportunidades outrora consideradas impossíveis? Repare agora que o dinheiro não surge como parte da equação, mas certamente existe porque a imaginação se encarregou de respeitá-lo. Imaginação é ter várias respostas para uma mesma pergunta. A imaginação tem o dom de criar o dinheiro, mas o dinheiro não compra nem imaginação nem criatividade. Ambos estão ligados, cabe a nós saber priorizar e tirar deles o verdadeiro proveito que oferecem! Tenham uma ótima semana.
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*Conrado Navarro, 27, é consultor de finanças pessoais e investimentos. Com formação técnica e MBA Executivo pela UNIFEI, ministra palestras, mini-cursos e workshops para empresas, comunidades e estudantes em toda região Sudeste. É sócio-fundador do Dinheirama - www.dinheirama.com - onde mantém artigos, opiniões e grande parte de seu trabalho disponível de forma gratuita.Nota: Este texto foi reproduzido com autorização do autor. Sua reprodução a partir deste site está terminantemente proibida.
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